sexta-feira, 20 de junho de 2008

Angelina Jolie da tecnologia

Tema: Consumismo.

Há poucos dias, completei minha coleção de eletrodomésticos. Já tenho cinco geladeiras, quatro fogões, nove microondas - se for para citar todos, precisaria de mais de dias. Todos me dizem que eu gasto demais. E daí? Não é exatamente essa a intenção? “Cobrimos qualquer oferta anunciada!”, “Compre, compre, compre!”, “Os vendedores estão proibidos de perder venda!” Não quero ser culpada pela falência das “Casas Bahia” ou da “Ricardo Eletro”.
Deviam me agradecer. Estou salvando o planeta. Compro e não uso. Imagine só, outra pessoa poderia comprar e usar, gastando energia e acabando com o mundo; mas não! Eu compro e deixo tudo guardado. Como ações, mas me declaro mais esperta, porque compro mais que um pedaço de papel. Compro anos de tecnologia, empenho, trabalho. Posso ser taxada de consumista compulsiva. E, verdadeiramente, sei que sou consumista. Compro tudo que existe no “Mercado Livre”. A propaganda nem precisa ser boa, muito menos o produto. O que me convence que devo comprar é algum ator, principalmente da novela das oito, fazer o comercial. Não resisto.
Outro dia, estava passando por minha coleção de bugigangas e me deparei com um enorme arranhado em uma das minhas geladeiras. E o pior, o arranhado era logo na “Plus Power”. Sim, aquela que descongela sozinha, tem o botão “férias” para economizar energia e o botão “turbo” para aumentar a potência – como um carro de fórmula 1. Decidi jogar fora, afinal, que eu quero com uma geladeira arranhada? Eu não pago pelo arranhado. Se não pago, não quero. Odeio aquelas promoções “compre isto, leve isto”. Menosprezar um produto mediante um outro deveria ser proibido por lei. Não compro. Assistindo à televisão para espairecer, vou direto para aqueles canais de propagandas, tipo aqueles de produtos “Walita”, “Polishop”, “Shop Time”.
Adoro o canal de vacas. Compro todas. A cara de piedade delas me faz ter vontade de comprá-las. Melhor que ser consumista, é ser rica. Posso pagar tudo na hora, mas prefiro “texpixar” – parcelar, para os leigos - para cumprir com a proposta da empresa. Cumprir com a sedução do produto. Por exemplo, quando os homens vão comprar cueca, compram logo tamanho extragrande. A vendedora já fica de olho. O tamanho das coisas é algo que me seduz. Não vai me dizer que, quando o vendedor na televisão diz que a câmera parcelada custa “um cafezinho por dia”, você não se sente imensamente obrigado a comprar?
Bom, cada um compra o que gosta. Roupas, sapatos, corações, rins, ilhas, crianças da áfrica. Eu tenho amor pela tecnologia. Sou fiel, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, na saúde e.. bom. Na doença não. Não compro nada estragado. Nem se for um mísero cisco pregado. Sim, porque, geralmente, os erros são humanos. Cabelo pregado na parede, aquela sujeirinha pregada na máquina, parecendo que a tinta pipocou, a marca que o adesivo de propaganda deixa no produto. E não me julgue de “perfeccionista”. Vai me dizer que você gosta de coisas com defeito? Se gostar, seja bem-vindo ao Brasil.

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