1) Não possos sair de casa. 2) Fui ao cinema, beijos. QUE?
Na sua cabeça, você não acredita, realmente, que exista uma mentira, porque você conhece bem a pessoa, você sabe que ela não mentiria. Só que os fatos são tão fortes que, para algo derrubá-los, teria que ser algo meio sobrenatural de acontecer, mas que pode ter acontecido.
Então, depois de um longo tempo, você senta pra conversar com a pessoa sobre o ocorrido e a pessoa diz que não se lembra do ocorrido. E então você fica tipo que nem o Bentinho de Dom Casmurro, com uma dúvida mortal que daria um livro. E então você repassa os fatos pra pessoa, pra ver se ela se lembra do que aconteceu e você repassa cada segundo daquele dia e a pessoa se lembra de flashes, nada que possa contrubuir para a sua busca pela verdade.
E, então, já que sentaram e conversaram e a pessoa diz que não se lembra disso, você diz: Ah, algo de sobrenatural deve ter acontecido então, né? Porque, sério, não acredito que você mentiria. E a pessoa diz: Então, eu não menti, nunca menti pra você, provavelmente aconteceu algo mesmo. E fim da discussão com um final bem feliz.
Só que, um belo dia, a pessoa decide acordar e lembrar da frase: "elas sempre saem e nunca chamam, mas se saímos e não chamamos, elas reclamam". E fala pra você que vai, de qualquer maneira, tirar isso a limpo. E você bate o pé e diz: mas não, você não pode, vão saber que fui eu que te contei. Mas a pessoa insiste que vai tirar a limpo e ela diz que vai sim porque isso não pode ficar assim, porque é um absurdo isso e você, já no auge do ódio e do desespero, solta a seguinte frase:
QUER TIRAR O QUE A LIMPO? ISSO FOI HÁ UM ANO. E VOCÊ QUE MENTIU, VOCÊ QUE TAVA ERRADA.
Uéum. Mentiu? Ops.
Quando em uma situação dessas, você solta uma frase dessas, a única resposta que você pode receber é: "Ah, então é isso que você pensa: que eu menti."
E então você sente uma dorzinha no seu coraçãozinho porque você acredita que a pessoa não mentiu, você acredita nela, só que algo te impulsiona a sempre lembrar disso como uma mentira, já que a pessoa não esclareceu 100% pra você isso. E, no meio de uma briga, o super-ego (creio eu que é o super-ego, mas pode ser o alter-ego, não tenho certeza) deixa de funcionar, então, as palavras vão saindo sem passar pela memória (pois esse assunto já tinha sido discutido e resolvido), sem passar pela moral e então você xinga a pessoa, sem passar pelos valores e então você parte pro preconceito e vai tudo tornando você na pessoa descontrolada da história. Tipo que nem em Dom Casmurro. A maioria das pessoas acham ele neurótico e desconfiado demais, mas isso é porque é ele quem fica em evidência o tempo inteiro, são os pensamentos dele que a gente tem acesso. Mas ninguém pára pra pensar na possibilidade de que Capitu é uma sem-vergonha, embora seja esse o foco da história, a traição (mentira), as pessoas tendem a esquecer o fato e prestar mais atenção nas consequencias do fato. O que é errado. (Continua.)
Um comentário:
Nossa, eu duvido que a Dani tenha mentido.
Postar um comentário