sexta-feira, 23 de julho de 2010

Goleiro Bruno: educando pra vida.

As pessoas querem destruir o sistema. Mas querem seus salários no dia correto. As pessoas querem destruir a cultura pop. Mas querem que todos fiquem longe de suas bandas/filmes indie-cults. As pessoas querem destruir o governo. Mas querem que a saúde e a educação sejam perfeitas. As pessoas querem que todos leiam livros de algum autor renomado, desde que não expressem qualquer opinião sobre. As pessoas querem que você, que não gosta das mesmas coisas que elas, saia da vida em sociedade, sente ao lado da Cláudia e assista como é "Viver a Vida". Porque é claro que a vida só tem sentido se você ouvir cantores revolucionários, votar em políticos revolucionários, ler autores revolucionários, porque o mundo precisa de uma revolução. Arram. Revolução entendida por eles como "um limpa na sociedade". É, tipo Hitler, saca? Só que, agora, não é porque você ama ele ou ela, se você ora ou reza ou se você é preto ou branco, agora é pela sua suposta inteligência. Porque, hoje em dia, qualquer coisa mede seu nível de inteligência, qualquer coisa que você faça, é usada para medir sua inteligência. Já viu aqueles testes de QI de internet? Não são testes de QI, são testes de daltonismo. Ou seja, se você é daltônico, é burro. Se você gosta do Fiuk, é burro. Se você vê televisão, é burro. Se você lê Veja, é burro. Se você não tem o mindinho, é burro. Se você ouve Restart, é burro. Se você ama, é burro. Se você casa, é burro. Se você anda de patins, é burro. Se você trabalha em escritório, é burro. Se você tem o novo Clio, é burr.. ops, não, isso é um comercial. Sabe aquele lance de que "ninguém é obrigado a apresentar provas contra si próprio"? Então, essas pessoas levam isso bem a sério, tipo: "Não diga que você gosta disso, larga de ser otário, você não é obrigado a assumir sua burrice, negue que você gosta disso, porque dae, ninguém vai saber que você é um completo otário" - se isso fosse verdade, se o fato de você não apresentar provas contra si próprio te isentasse de alguma coisa, o Goleiro Bruno já estaria solto. Tudo o que você faz ou pensa em fazer, sim, porque essas pessoas das quais estou falando, hoje em dia são oniscientes, é usado pra medir sua inteligência. E, mais, essa onisciência das pessoas vem do mesmo jeito que é medido sua inteligência. Porque, se você vê televisão, por exemplo, tem um ideal embutido nesse ato de VER TV. Logo, se você vê TV, é porque acredita e defende esse ideal, sendo assim, elas sabem o que você pensa. E mais, se você vê TV é porque é alienado, então, tudo o que a TV diz, você acata como verdade universal, o que é mais uma prova que elas sabem o que você pensa. E o que é mais engraçado, é que depois de criar todo esse drama "você-é-alienado-a-mídia-tem-que-morrer-confie-em-mim", eles acham que são capazes de acordar os alienados pra vida. Pessoas, Matrix provou que é impossível acordar os alienados, porque somos todos alienados. Uns são alienados pela Carta Capital, outros pela Veja, outros pela Capricho, são todas verdades vistas de ângulos diferentes. Quem precisa acordar são vocês, pessoas. Vocês perdem, sim, perdem a vida de vocês tentando convencer todos que só existe uma única verdade universal e que temos todos que nos unir contra o mal que é o sistema e essa fútil sociedade rodeada de culturas pops e gente mesquinha. Eu não quero acreditar na sua verdade, eu não quero acreditar que existe uma única verdade universal e acreditar que eu sou melhor por crer nisso - já tem católicos demais fazendo isso. A única coisa que eu quero fazer, é como disse o Calvin: "Oh, Divindade do entretenimento passivo, derramai sobre mim suas imagens conflitantes em velocidade tal que torne o raciocínio impossível" e ser feliz, sem ter que me preocupar se o fulano ao lado está buscando a felicidade da forma "certa" ou "errada". Afinal, uns escolhem a pílula vermelha e outros a azul; e essa escolha não é sinal de inteligência: é estilo de vida.

Um comentário:

Unknown disse...

E eh esse meu estilo de vida: cada um na sua. Odeio gente que diz que odeia alguma coisa. Qualquer coisa que seja. E que comeca a criar discussao por isso. Eu vou meio que "arram, voce a certo", soh pra encerrar o assunto. Pra que eu tenho que te convencer de que eu estou certa e voce errado? Na minha mente, eu sei que eu estou certa e me satisfaz olhar pra voce e sorrir e, por dentro, pensar "loser", rs.