Tema: globalização x regionalização
Meu sonho sempre foi ir aos Estados Unidos. Desde criança já falava que o meu marido seria o Brad Pitt ou o Leonardo Dicaprio. Meu filme preferido de infância sempre foi “Rei Leão”, comprei tudo do filme. Pôsteres, fita cassete, adesivos, cadernos.. absolutamente tudo. Desde criança, a globalização me tornou uma criança anormal. Claro, porque, todas as crianças normais, do Brasil, por exemplo, adoram os desenhos brasileiros, como... hum.. existe desenho brasileiro?
Tem várias coisas inexistentes no Brasil, mas, por outro lado, a cultura brasileira me encanta. Adoro quando chega fevereiro e vão todos para a rua pular e cantar músicas sobre poeira e ver mulheres vestidas lindamente dançar na televisão, em todos os canais, o dia inteiro. Adoro as sandálias “havaianas” também. Oh coisinha confortável. Na verdade, adoro o Brasil. A única coisa que me deixa triste é não poder ser alternativo com coisas regionais. Alguém já ouviu algum alternativo culto dizer que ouve Nx Zero? Fresno? Calypso? Alguém já viu passar no canal fechado de televisão, Telecine Cult, A Grande Família – O Filme ou então O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili?
A globalização veio para nos tornar inteligentes. Não que as coisas regionais façam de nós “burros”, mas não somos reconhecidos se subirmos no palco e beijar o Caetano Veloso – como aconteceria se beijarmos o Bono, da banda U2. Pena a globalização servir apenas para poucos. Afinal, o que os americanos, que têm a Madonna, querem com a Joelma e o Chimbinha? Afinal, a Madonna salva o mundo em quatro minutos. O que os alemães querem com o Pelé – O Rei, uau – se eles tiveram Nietzsche? Não é só pelo cultural que, às vezes, a globalização decide “zoar” a galera. Somos o único país que temos a votação 100% eletrônica e daí? Alguém nos ama por isso? Deus? Bush?
É necessário manter a cultura? Claro. Identidade nacional é sempre boa. Reconhece-nos. Determina-nos – alô, Darwin. Só temos que tomar cuidado com o que passamos para quem está de fora. Não conhecemos a nossa própria cultura, então, qual é a troca de informação que fazemos? Não trocamos. Apenas recebemos. Até na globalização conseguimos passar a perna “nos gringo”. Sempre arrumamos um jeito de sair na vantagem. “Jeitinho brasileiro”. Esse jeitinho é tão convincente, que a própria Xuxa se diz nossa amiga, dizendo que tem uma ótima novidade para nós: monange desodorante. Adoro.
Tento ser a mais regional possível. Compro filmes piratas, colo na prova, xingo no trânsito e paro minha vida para assistir ao jogo do Brasil. Às vezes viro francesa, para “pensar e existir”. Às vezes viro católica e rezo. Peço para “Ó Pai, Ò” abençoar essa “Cidade de Deus” para que “O Cheiro do Ralo” se torne menos insuportável para nós. Termino minha reza com o clássico “Seja o que Deus quiser” pedindo que ele nos dê força de vontade. Porque, capacidade nós temos, só nos falta um dedo mindinho.
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