sábado, 24 de abril de 2010

Adultos que odiaram Alice In Wonderland,

Se você odiou Alice, do Tim Burton, porque acha que foi "fuga ao tema", mantenha suas neuras tradicionais petruskianas fora disso. Ninguém disse, em nenhum momento, que a intenção era ser igual ao primeiro filme ou igual ao livro. Até porque o filme foi uma mistura dos livros, acompanhada da visão do diretor.
O País Das Maravilhas, para Tim Burton, era um lugar mágico criado por Alice, para que ela fugisse da sua trágica realidade (Hayley Williams: "you built up a world of magic, because your real life is tragic" - afirmando ainda mais minha teoria de que ESSA deveria ter sido a música do filme e não a ex-skatergirl). E, não, ele não tentou "modernizar" Alice, o ser humano é que o mesmo sempre. A gente evolui tecnologicamente, mas quase nada tradicionalmente (não sei como seria evoluir uma tradição, mas acho que todos conseguem entender o ponto de vista). Continuamos com aquela coisa de casar com quem mais convém, usar roupas que mais convém, ter os contatos que mais convém, tudo para evitar ser comentado e/ou tachado de louco. Cheguei no outro ponto. Johnny Depp como Chapeleiro Louco. Como foi dito no site "soshollywood": o Chapeleiro Louco não era pra ser nada demais, apenas um escudo do herói (Alice, no caso). Boa atuação tem a ver com entender seu papel no filme, e o papel do Johnny Depp era apenas dar à Alice um motivo concreto para que ela pudesse recuperar a "grandieza" e matar o monstro, portanto, a única coisa que ele precisava fazer era mostrar loucura e permitir que a história se desenvolvesse sem roubar a cena. E foi o que ele fez.
Se você acha que essa versão desmereceu a versão original, você deveria deixar a versão original de lado e ir assistir o filme com a cabeça livre de Lewis Carroll e mais cheia de Tim Burton. O filme é uma continuação, não é uma re-filmagem de Alice, não é para seguir letra-por-letra escrita por Carroll.
Se você acha que o filme ficou sem identidade porque teve duas visões distintas (do Tim Burton e da Disney) e uma prova disso é que o 3D foi exagerado, do tipo "presta atenção que agora vamos jogar as coisas na sua cara" repetindo o uso mais banal do 3D: a graça do 3D não é ver as coisas em profundidade, inclusive, acho que joguei dinheiro no lixo indo assistir Up - Altas Aventuras, Tá Chuvendo Hambúrguer e outros filmes que prefiro nem lembrar em 3D. Aposto como as milhões de crianças que vão assistir ao filme não se importam se estão vendo profundidade ou não, só se importam se o filme interage com elas a ponto de elas fecharem os olhos ou tentar pegar uma pedra que passa por cima de suas cabeças. Esse é o ponto de vista da Disney, entreter as crianças. O ponto de vista do Tim Burton não tem a ver com 3D, tem a ver com entender a cabeça da Alice. Portanto, larga essa bobagem de "visões distintas", porque não são visões distintas, ambos queriam criar um filme para crianças: um queria que elas se entretessem e o outro que elas se identificassem com o filme. Tãdããããã.
O filme não era pra manter conceitos, manter tradições, era para mostrar novos conceitos, novas tradições, era pra ser algo DIFERENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Viva as diferenças, by Coca-Cola.
Se você odiar o filme, não vá dizer que odiou porque esperava ver o mesmo que viu/leu na sua infância. Diga que odiou porque achou fraco, porque não gostou do figurino, porque achou o filme feio, porque você odeia quem cria mundo para fugir da realidade, por tudo, menos porque não seguiu a idéia do Lewis ou porque o filme ficou "sem identidade". E não fique dizendo que o Johnny Depp atuou mal, ele fez o que tinha que ser feito. Se você odiar o filme, sério, go create your own world of magic, because, srsly, your real life it is the biggest tragic ever.

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