terça-feira, 19 de julho de 2011

Decepção

Eu tava na igreja, na sala dos adolescentes, porque a mocidade é chata, e o professor fez uma espécie de julgamento. Dividiu a sala em advogados de defesa, advogados de acusação, júri, auxiliares, juiz e blablabla. O acusado estava sendo acusado por ter dito que "Jesus não é Deus" e os advogados de acusação (eu + outras pessoas) tínhamos que provar, com a bíblia, que ele estava errado e os advogados de defesa tinham que provar, com a bíblia, que o acusado estava certo.
A ideia desse julgamento era o professor explicar, de uma forma diferente, um texto de João. Então, no fim, usando os versículos de João, ele confirmou que o acusado estava errado mesmo. Só que, antes, algumas coisas aconteceram.
Escolhemos falar sobre a trindade (Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo), que é, basicamente, a base da bíblia e é a prova mais consistente na bíblia de que Jesus é Deus. Falamos isso. Dae a advogada de defesa falou que "Como vocês disseram, Jesus é Filho de Deus, não quer dizer que ele é Deus". Qual parte da TRINDADE ela não entendeu, né? Então, batemos na mesma tecla: TRINDADE, Deus é o Pai, Deus é o Filho, Deus é o Espírito Santo e falamos Jesus é Filho de Deus, pois, quando se diz "Deus Filho", pode ser qualquer filho, mas Jesus é o único filho legítimo. Dae, logo depois, a menina começou a dar rata e ela própria já sabia que tinha perdido. Dae, era assim: o Júri tinha 4 votos e os juízes 1 voto.
Ganhamos os 4 votos do júri e perdemos o 1 voto dos juízes com o seguinte argumento:
"Vocês só estavam falando que Jesus é Filho de Deus, o que não quer dizer nada, como a advogada de defesa disse". Aí você pensa de novo: MAS SERÁ QUE PARTE DA TRINDADE ELA NÃO ENTENDEU? Dae, tá, né, ganhamos do mesmo jeito.
Antes de terminar o nosso argumento, concluímos assim: "Deus é o Pai, Deus é o Filho, Deus é o Espírito Santo. E, por filho, sabemos que é Jesus. E se Jesus não é Deus, significa que ele é pecador, pode um pecador salvar o mundo?"
Aqui entra a genialidade do professor dizendo que a gente foi infeliz ao terminar um argumento com esse tipo de pergunta, porque nunca devemos terminar um argumento com uma pergunta, porque se a pessoa não for religiosa, tanto faz pra ela, ela vai usar a opinião dela para responder. Aí você se pergunta onde estava ele quando ensinaram a definição de PERGUNTA RETÓRICA na escola? E a gente disse: Mas é uma pergunta retórica, a resposta já é parte da pergunta, a opinião própria da pessoa não interfere na pergunta, ainda mais sendo uma juíza. E ele disse que não se usa isso em argumentação. Ah, ok, usar os recursos linguísticos do português torna o seu argumento FRACO, obviamente.
E, no fim, ele usou versículos de João pra comprovar que Jesus É Deus, como tipo: "Se vocês tivessem usado ISSO AQUI, aí sim teria sido perfeito". Sendo que nada na bíblia comprova MAIS que Jesus É Deus, do que a Trindade.
Isso é uma das coisas decepcionantes, não na Igreja, mas em elaborações de atividades. Às vezes, a pessoa tem uma grande idéia (fazer um julgamento), mas essa grande idéia não se conecta perfeitamente com a finalidade. Porque a finalidade era aprendermos o texto de João, só que o texto da Trindade era mil vezes mais apropriado pro tema do julgamento: "Jesus não é Deus". E, no fim, ficou parecendo que a gente era burro, que não sabíamos argumentar e que ele era o fodão com os versículos certos para o caso. Não que seja de grande importância parecer inteligente, mas é meio irritante ver esse tipo de atitude em uma pessoa que deveria estar dando exemplo.

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