sábado, 10 de novembro de 2007

Na rua, na chuva ou na fazenda

Ele olhou para ela. E sorriu. Vírginia ficou sem ação por alguns instantes.
- Olá, Vírginia, quanto tempo, hein?
- Er.. Oi! Você está.. UAU! Muito tempo mesmo.. ah! Aqui estão os pães do seu café..
- Obrigado! Venha tomar café comigo.
- Não vai dar, tenho que resolver umas coisas para a minha mãe. Depois nos falamos.
Será que ela fora idiota? Sincera? Ou fria demais? - pensou ela. Resolver coisas para a mãe? Da onde ela tirara essa idéia? Que mentira! Simplesmente, ela virou e saiu assim.. tão sem graça! É que, na presença dele, ela ficava assim. Boba. Deveria sorrir porque eram primos ou deveria chorar porque nunca seriam nada além disso? Bom, todavia, estava um dia lindo. Decidiu sentar na grama e descansar um pouco. Pensar na vida. Pensar nele..
- Oi.- AAAH! Que susto.
- Que você está fazendo aqui? Não tinha que resolver uns assuntos da sua mãe?
- É que ela decidiu que ela mesma iria resolver.
- Posso me sentar?
Por que ele tinha que sentar aqui? - ela ficou se perguntando. Olha o tamanho desse gramado! Que vergonha, mas..
- Ahm.. claro, sente-se.
- Desde as últimas férias só pensava em ver você. Nosso beijo..
- Você não sabe que o que fizemos foi errado? Nós não deveríamos nunca nos lembrar disso.
Por dentro, ela estava gritando para que isso continuasse. Para que terminassem o que começaram.
- Calma! Só foram lembranças! Não estou te obrigando a nada. E o que fizemos não foi errado. Eu gosto de você. E você gosta de mim; ou não?
- GOSTO!Que ela acabara de fazer? - desesperou-se ao ouvir o som de suas próprias palavras. Caiu deitando na grama com as mãos sobre os olhos. O sol forte fazia-os doer. Ivan olhou para ela. Deitada. Tão ingênua e doce. Virou o rosto para o outro lado e não conteve o sorriso. Ingênuo e doce. Virgínia ficou deitada ali, por alguns instantes, admirando aquele terrível silêncio entre os dois, mas admirava o belo cantar dos pássaros. A quem ela queria enganar? Ela sentia saudade até da dor do amor impossível. Como poderia negar que ela o amava?
- Volto para casa amanhã, se quer saber. Não vou ficar te incomodando muito tempo.
Como assim ele vai embora? Ele chegou ontem! - espantou-se.
- Seu pai pediu para você voltar?
- Não. Acabei de decidir. Acho que vai ser melhor pra você.
Havia algo segurando sua mão nesse momento. E é incrível como isso a deixava tão mais segura.
- Obrigado por deixar-me segurar sua mão.
Sorriu. Sua mão soava muito. Exageramente. Soltou.
- Eu só queria ter algo nas mãos agora. Não precisa ser assim comigo - ele disse.
- Mas você tem algo nas mãos agora. - ela disse.
- Eu?
- Eu.
E assim começa uma história de amor que, de fato, chegou a acontecer.

[ Amanda Nunes, ou seja, Eu ]

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