Ciclo sem fim

- E ele ainda vai demorar? – pergunta ele com um ar amistoso.
- Não sei. Já era para ele ter chegado.
- Eu posso, então, me sentar aqui, enquanto ele não chega?
- Pode sim. – disse ela envergonhada.
- Quer dizer que seu namorado é um príncipe?
- É sim. – ela afirma com total certeza.
- Você deve ser a princesa para ele, certo?
- Se ele demorar mais um pouco, não vou ser a princesa de ninguém. – disse ela olhando para os lados, à procura de seu príncipe.
Eles ficaram em total silêncio por alguns instantes, até que Thiago se levanta.
- Vamos dar uma volta? – disse ele, esticando sua mão para ela.
- É que eu combinei com meu namorado aqui. Ah, tudo bem, vamos.
Deram voltas e voltas. Riram. Divertiram-se. Comeram. E..
- Nossa, já está tarde! Nem percebi o tempo passar! Tenho que ir.
- E o seu namorado?
- Que namorado? – disse ela, zangada, mas feliz por não ter perdido a tarde.
- Será... então...que nós poderíamos nos encontrar aqui amanhã?
- Claro que sim. – disse ela, com brilho nos olhos.
- Está marcado. Amanhã, às duas da tarde.
E cada um seguiu seu rumo. Cada um com um brilho a mais nos olhos. Com um sentimento a mais. Thiago mal conseguiu dormir. Esperou ansiosamente pelas duas da tarde do dia seguinte. Acordou e foi ver televisão. Andou pela casa. Sentou no computador. Andou pela casa. A impaciência estava tomando conta dele. E, enfim, duas da tarde. Ele estava pronto, antes mesmo das duas horas.
Thiago aproximou-se devagarinho daquela menina sentada distraidamente na pracinha do shopping. Iria lhe pregar um susto, mas impostou a voz e disse, com pose de galã:
- A senhorita, com ar tão solitário, espera alguém?
Depois do ligeiro susto, ela empina o nariz e responde, toda afetada:
- Sim, meu namorado, um príncipe!
Apesar de já conhecer toda a história, das voltas no shopping, do encontro no outro dia, ele senta ao lado dela, como se fosse à primeira vez. E vive tudo novamente. O mesmo romance. O mesmo amor à primeira vista; mas, sempre, com um gosto de primeira vez.